A primeira semana de julho foi a mais quente registrada no mundo. Com recordes de ondas de calor na Europa, nos Estados Unidos e na China, especialistas acendem novos alertas para o aquecimento do planeta e o risco imediato para a vida humana.
Em entrevista a Natuza Nery, o biomédico Daniel Mendes Filho, explica o que acontece com o corpo em temperaturas extremas.
"No calor extremo, os mecanismo de adaptação do corpo humano são insuficientes para manter nossa temperatura corporal em níveis fisiológicos. A gente pode desenvolver hipertermia e insolação, que são quadros que se caracterizam por sintomas como fadiga, dor de cabeça e, dependendo da gravidade, pode incluir sintomas como tontura e convulsões."
Os sintomas do calor extremo afetam, principalmente, os mais idosos e as crianças. No ano passado, mais de 61 mil pessoas morreram de calor no continente europeu em 2022.
Já nos países mais pobres, além dos efeitos imediatos das temperaturas, as populações mais vulneráveis são as primeiras a serem afetadas por tragédias climáticas. É o que explica Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
No podcast O Assunto, Astrini também destaca como "clima extremo é fábrica de gerar pobreza" no mundo.
Na Califórnia, 56° C no chamado ‘Vale da Morte’. Na Antártica, o nível de gelo no mar é o mais baixo já registrado. No Oceano Atlântico, o termômetro marca 1,5°C a mais do que a média histórica. Eventos extremos que se relacionam: o aquecimento do planeta chegou ao ápice no dia 6 de julho, quando a temperatura média global passou de 17°C, a mais alta já registrada na Terra – resultado das mudanças climáticas somadas à incidência do fenômeno El Niño. Para comentar o risco do calor em excesso para a saúde humana e explicar até onde a temperatura pode chegar, Natuza Nery conversa com Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima e integrante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e com o biomédico fisiologista Daniel Mendes Filho, um dos autores do livro “Condições extremas: como sobrevivemos?”. Neste episódio:
Marcio lembra que as ondas de calor estão cada vez mais intensas, mas que os recordes de temperatura vêm sendo registrados há pelo menos duas décadas: “São gritos de alerta do planeta”. E a situação deve piorar. “A gente não vai mais recuperar os gases emitidos para a atmosfera. O planeta tem um problema já contratado”, afirma;
Ele avalia que as soluções para mitigação e adaptação dos impactos do clima são de responsabilidade de governos e estão, principalmente, nas mãos dos líderes dos países desenvolvidos: “As pessoas mais pobres vão pagar a conta”. “Quanto menos a gente fizer agora, maior será a conta para as próximas gerações”, conclui;
Daniel explica como o organismo humano reage às mudanças de temperatura, e quais são os riscos associados aos episódios de calor extremo – que afetam mais as crianças e os idosos: “Os mecanismos de adaptação do corpo são insuficientes para manter a temperatura em níveis fisiológicos. Pode haver quadros de hipertermia e insolação”;
Ele também comenta sobre o que as cidades podem fazer para enfrentar as mudanças climáticas, com ações dedicadas a aumentar a arborização e os ambientes com circulação de ar. Daniel orienta sobre como cada um pode se proteger: roupas leves, alimentação saudável, plantas domésticas e até papel alumínio na janela.