O biomédico Ricardo Corteletti, que é CEO de uma clínica na Enseada do Suá, em Vitória, foi indiciado pela Polícia Civil sob a acusação de gerar diversas sequelas em pacientes durante procedimentos que chegaram a custar mais de R$ 20 mil cada. As investigações policiais apontaram que o profissional estava com o registro médico cassado há sete meses. Seis possíveis vítimas foram identificadas durante a investigação. Segundo a polícia, uma paciente teve gel permanente injetado no corpo, outra não consegue mais fechar as pálpebras e uma terceira teve infecção generalizada e quase morreu. Ricardo Corteletti foi indiciado pelo crime de estelionato, lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da Medicina.
O titular do 3º Distrito Policial de Vitória, delegado Diego Bermond, explicou que as investigações iniciaram após uma das vítimas permanecer com sequelas em todo o rosto após uma operação clínica. "Um dos lados do rosto da vítima permaneceu caído e o outro lado estava com nódulos. Então, a partir daí, nós reunimos laudos médicos que pudessem constatar a deformidade causada na paciente", apontou.
A gerente da Vigilância Sanitária de Vitória, Viviani Barreto, aponta que, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, as equipes policiais encontraram na clínica medicamentos fora da validade, instrumental cirúrgico usado sem identificação de esterilização, dentre outras irregularidades.
"Encontramos medicamentos fora da validade, outros que estavam na validade, mas que foram abertos para uso e não discriminavam a data de abertura, e instrumental cirúrgico usado sem identificação da data de esterilização. Encontramos também seringas já cheias com um produto que não tinha identificação em língua portuguesa ou registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", explicou.
Veja as imagens da operação realizada na clínica em Vitória:
A clínica onde o médico atua está habilitada a realizar atendimentos com outros profissionais, uma vez que Corteletti está proibido. A polícia destacou que outros profissionais podem ser indiciados por auxiliarem o biomédico. O delegado Diego Bermond explicou que, apesar das sequelas geradas nas pacientes e das irregularidades encontradas na clínica, o biomédico ainda está em liberdade por falta de elementos para a solicitação da prisão preventiva.
"Ainda não temos os elementos necessários para prendê-lo preventivamente. Ele não está mais comparecendo à clínica, e não podemos aplicar a Lei Penal porque ele não está evadido da Justiça. Então, por esses motivos, nós não representamos pela prisão preventiva", explicou.
Veja o vídeo com a explicação do delegado e da gerente da Vigilância Sanitária de Vitória: