O Espírito Santo lidera a safra nacional de pimenta-do-reino, sendo responsável por 60% da produção brasileira. Em 2022, a produção dessa especiaria no estado foi de 76.533 toneladas, a maior já registrada na série histórica. Contudo, a falta de mão de obra qualificada para o cultivo e a colheita tem sido um desafio crescente para os produtores rurais e empresários, que passaram a investir em técnicas para aumentar a eficiência e a produtividade. A Grancafé, uma das principais exportadoras de pimenta-do-reino do Brasil, está liderando um movimento de modernização no estado. A empresa está adotando a implementação de cobertura de solo com lonas para otimizar a produção da fazenda de 75 hectares, em São Mateus.
Com mais da metade da produção nacional de pimenta-do-reino originada no Espírito Santo, o estado mantém uma vantagem sobre outros produtores, liderando com uma produtividade média de 3,9 toneladas por hectare, superior à média nacional de 3,1 toneladas por hectare. Após testes realizados ao longo de três anos, a Grancafé está introduzindo a tecnologia de cobertura de solo em suas plantações de pimenta-do-reino, em São Mateus. A empresa é uma das maiores exportadoras de pimenta-do-reino do Brasil, exportando para diversos países da América do Sul e do Norte, África, Europa e Ásia. Josemar Moro, um dos sócios da empresa, explica que a decisão de adotar essa inovação foi motivada pela necessidade de suprir a crescente escassez de mão de obra durante a colheita. “A adoção dessa tecnologia representa um verdadeiro divisor de águas no cultivo e na colheita da pimenta-do-reino. A falta de mão de obra é um desafio crescente no campo, e a cada ano isso se torna mais desafiador. Acreditamos que a implementação dessa tecnologia será amplamente aceita pelos produtores, dada sua eficácia comprovada e torno significativo sobre o investimento”, explicou Moro. O empresário estima uma durabilidade de 8 anos para as lonas no solo, driblando os desafios da escassez de mão de obra no campo. Os principais benefícios dessa inovação são significativos. Além de reduzir as perdas de pimentas maduras durante a colheita, as lonas proporcionam uma colheita mais eficiente e planejada, eliminando a necessidade de presas na retirada dos frutos do solo. Outro aspecto importante é a redução drástica na necessidade de mão de obra. Moro relata que, durante o pico da produção, antes da adoção das lonas, eram necessárias cerca de 100 pessoas para colher. Com o novo método, a demanda por mão de obra foi reduzida em 70%. Além disso, as lonas também têm benefícios ambientais. Elas controlam o crescimento de ervas daninhas e reduzem a necessidade de herbicidas. Além disso, sua impermeabilidade permite uma melhor gestão da água de irrigação, resultando em uma redução de 50% nos custos associados à irrigação e à energia. A implementação bem-sucedida dessa tecnologia beneficia a Grancafé, mas também serve como modelo para outros produtores da região. Até o momento, cerca de 10 produtores já estão envolvidos no projeto, e a expectativa é que mais agricultores adotem essa prática no futuro. A pimenta-do-reino é um produto tradicional da região norte do Espírito Santo e, atualmente, está presente em 45 municípios capixabas. O município de São Mateus concentra 35% da produção estadual, seguido por Jaguaré (12%), Vila Valério (9,8%), Rio Bananal (8%) e Nova Venécia (5,6%). Outros 40 municípios produzem em menor escala. A pimenta-do-reino é um produto tradicional da região norte do estado e cultivada há mais de 50 anos.