Pai, filhos, esposas e cunhado: uma família inteira suspeita de fabricação, venda e distribuição de armas ao crime organizado da Grande Vitória está atrás das grades. A Operação Legado Armeria, realizada pela Polícia Civil, desarticulou o grupo, e prendeu cinco pessoas nesta semana. O homem apontado como líder da facção já havia sido preso em dezembro. A estimativa da polícia é que a família tenha produzido e comercializado aproximadamente 200 armas de fogo, com o valor de R$ 2,5 mil cada e obteve, com isso, um faturamento anual de cerca de meio milhão de reais. A produção de armas do grupo acontecia em uma casa na zona rural de Cariacica - o nome do local não foi passado pela polícia. Cada integrante, de acordo com investigações policiais, era responsável por uma função: fabricar o armamento, logística de distribuição e sistema de pagamento com os interessados.
Armas eram escondidas nas bolsas das crianças
O delegado Daniel Belchior, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), disse que o grupo realizava as entregas em família e usava, até mesmo, crianças para não chamar a atenção das autoridades policiais. Em alguns momentos, eles escondiam as armas dentro das bolsas das crianças. Ainda para mascarar o crime, a maior parte do grupo tinha trabalho formal, inclusive, uma das pessoas detidas, trabalhava como professora. De acordo com a polícia, esse perfil contribuiu para não levantar suspeitas. O delegado explicou sobre a dificuldade da operação:
"A grande dificuldade da investigação de fabricação de arma de fogo caseira envolve não só a rastreabilidade das armas, mas o perfil das pessoas. Elas não têm o perfil ou passagem que indicam que estão fabricando esse tipo de arma semi-industrial. Eles trabalhavam em outros empregos formais, inclusive, tem uma professora no meio", disse Daniel Belchior.
Eles são acusados de porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e receptação.
Veja as funções de cada um no crime, de acordo com a polícia:
Fabricação das armas:
Edilson Manske e Wilrison Mansk (pai e filho)
Negociação:
Bruno Vingler, conhecido como John Caseiras (irmão de Ariane)
Entregas:
Tiago Manske (filho de Edilson e irmão de Wilrison) e Hellen Luise (esposa de Bruno)
Financeiro:
Ariane Vingler (esposa de Wilrison)
Ainda de acordo com a polícia, os fabricantes aprendiam a fazer as armas por meio de tutoriais na internet, no YouTube. A venda era sob encomenda e as armas tinham as características que os solicitantes pediam.
"A demanda era tão grande que nem eles estavam conseguindo dar conta. Eles fabricavam da forma que a pessoa pedisse: o calibre, o modo de disparo... Era tudo por encomenda, tinha gente que encomendava de 10 em 10, inclusive", explicou o delegado Daniel Belchior.
Os suspeitos realizavam entregas no Bairro da Penha, em Vitória, e em Guarapari e Cariacica. O delivery era feito de carro e, na maioria das vezes, por toda a família, utilizando crianças, para despistar os policiais.
Na fábrica de armas, foram apreendidos:
1 pistola calibre .380
1 rifle calibre .28
1 rifle calibre. 22
1 carabina calibre .22
1 garrucha
3 carregadores de pistola
41 munições calibre .380
31 munições calibre .38
13 munições calibre .12
22 munições calibre .28
26 munições calibre .36
10 munições calibre .32
4 munições calibre .45
3 munições calibre .40
86 munições calibre .22
1 munição calibre .765.
Wilrison Manske
Porte ilegal de arma de fogo, comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa
Edilson Manske
Porte ilegal de arma de fogo, comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa
Tiago Manske
Comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa
Bruno Vingler de Sena (John Caseiras)
Comercio ilegal de arma de fogo, receptação e associação criminosa
Hellen Luise Santos Silva
Comercio ilegal de arma de fogo, receptação e associação criminosa
Ariane Vingler Gonçalves
Comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa
Com as prisões preventivas, a polícia encerrou a investigação, mas não descarta novas prisões de tiver outras suspeitas de envolvimento com a família.