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Professor é demitido após expor estudante que vende água de coco em praia no ES

Professor de escola estadual questionou: "É melhor ir para o calçadão vender água de coco ou se esforçar nos estudos para ter um futuro melhor?"

Publicada em 20/03/2024 às 05:57h - 547 visualizações

por redação A Folha


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Foto: Reprodução  (Foto: Foto: Reprodução)

Um professor de uma escola estadual localizada no bairro São Pedro, em Vitória, foi demitido após escrever um comentário no quadro de uma sala de aula na última sexta-feira (15), expondo um estudante de 16 anos. O adolescente, que era aluno do professor, vende água de coco na praia de Camburi para ajudar a mãe. O educador usou esse exemplo para dizer que é melhor estudar mais para não ter que ir para o calçadão vender água de coco. A informação da demissão do professor Marcos Lengrub foi confirmada nesta segunda-feira (18) pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). O caso foi compartilhado na última sexta-feira (15) pela própria mãe do garoto, que não será identificada para não expor o adolescente, por meio de uma publicação nas redes sociais. O menino era aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Elza Lemos Andreatta, mas teria pedido transferência para outra instituição. No vídeo, a mulher afirma que o professor escreveu no quadro: “Reflexão: será que é melhor ir para o calçadão de Jardim Camburi vender água de coco ou se esforçar um pouco mais nos estudos para ter um futuro melhor!! FATO!!”. Indignada, ela declara no vídeo postado nas redes sociais que vende água de água de coco há aproximadamente quatro anos na orla de Jardim Camburi. "Graças a Deus é através da água de coco que levo sustento para a minha família, para dentro da minha casa, que eu pago as minhas contas, meu aluguel, sobrevivo", diz.  A mãe do estudante complementa que o professor fez a "reflexão" após passar pela orla de Camburi um dia antes e ver o aluno trabalhando. "O professor teve uma fala infeliz. Ele simplesmente passou aqui na orla, viu meu filho trabalhando juntamente comigo e aí chegou na escola e expôs meu filho. Ele colocou no quadro uma reflexão para os alunos. Foi desagradável, ficamos ofendidos, foi humilhante. Meu filho ficou bastante triste, muito chateado", declarou. Ainda segundo a mulher, o filho estudava na escola, mas recentemente pediu transferência. A informação sobre a fala do professor teria sido enviada por amigos do adolescente. 

Aluno não estava na sala a hora da "reflexão" 

A Superintendência Regional de Educação, da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), informou que o aluno não estava em sala de aula no momento da fala do professor, porque estuda em outra unidade de ensino atualmente. No entanto, por ser conhecido da turma em que estudava, segundo a superintendência, foi identificado pelos colegas no texto escrito pelo professor.

Professor diz que situação o deixou "bastante abalado"

Após a repercussão do caso nas redes sociais, o professor Marcos Lengrub, nesta terça-feira (19), fez uma postagem com um longo relato sobre sua história de vida e também profissional. Ele disse que a situação com o ex-aluno o "deixou muito triste e bastante abalado". Marcos Lengrub destacou que é professor há mais de 30 anos e relembrou que veio de família humilde. "O que desejei destacar foi o quanto a educação escolar é essencial nesta fase da formação humana. O meu intuito sempre foi conscientizar nossos adolescentes-estudantes de que, por mais difícil que seja a realidade, por mais árduo que seja, por mais desigualdade que exista, a educação é o caminho para a transformação da nossa realidade", diz Marcos Lengrub no texto. 

Sedu diz que não concorda com postura do professor  

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) explicou que está acompanhando o caso e não concorda com a postura do profissional. Além disso, conforme Regimento Comum das Escolas, as medidas administrativas já estão sendo adotadas pela Escola Estadual Elza Lemos Andreatta. "O professor teve seu contrato cessado antecipadamente e a mãe do aluno está sendo apoiada para buscar seus direitos junto às autoridades policiais, via boletim de ocorrência. Nesta semana, a responsável pelo aluno será atendida pela equipe escolar para o apoio que for necessário", destaca a nota. 

Escola diz que repudia ato 

Também em nota nas redes sociais, a Escola Elza Lemos Andreatta declarou que a missão das escolas estaduais é "assegurar o direito à educação integral por meio do acesso, da permanência e da aprendizagem com sucesso escolar e inclusão". E também "fortalecer a educação integral, possibilitando o desenvolvimento dos estudantes em suas dimensões intelectual, social, emocional, física, cultura e política, promovendo a cultura de paz."

Com base nisso, a escola afirma que "repudia qualquer ato que vá contra esses princípios" e que "qualquer ação isolada que não esteja de acordo com as diretrizes educacionais será responsabilizada, com celeridade".




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