O empresário Elissandro Lopes Siqueira, de 41 anos, assassinado com um tiro na cabeça no dia 19 de janeiro, em Ibiraçu, região Norte do Espírito Santo, foi morto a mando do sócio, com quem tinha uma construtora na cidade. De acordo com a Polícia Civil, o crime foi arquitetado entre o sócio, chamado Marcus, conhecido como "Marquinhos", e o executor, chamado de Kleber. O assassinato teria sido motivado por uma dívida de cerca de R$ 100 mil que a vítima tinha com o sócio. Marcus conhecia Kleber, que tem 18 anos, desde que era criança. Ele encomendou o assassinato de Elissandro com o jovem pela quantia de R$ 5 mil. Para criar um álibi para o crime, Marcus contratou Kleber como funcionário da empresa que mantinha com o sócio, para fazer parecer que o assassinato teria sido motivado por uma desavença entre patrão e funcionário. De acordo com a investigação da Polícia Civil, o mandante teria criado uma briga entre o assassino e a vítima, que culminou com o assassinato de Elissandro com um tiro na cabeça. Por conta da premeditação do crime, Marcus responderá como se fosse executor do assassinato, não apenas como mandante, explica o delegado-geral da Polícia Civil (PCES), José Darcy Arruda. "A gente entende que de fato este é um crime muito cruel, porque um crime de mando é perverso. E este empresário vai responder como se autor fosse. Mesmo não estando na cena do crime, ele responde como autor. Nós adotamos a teoria do domínio total do fato, então ele vai responder às raias da Justiça como se estivesse na hora executando aquela pessoa", disse.
Ainda segundo a investigação, Marcus teria ajudado o assassino a fugir do local do crime, além de ter entregue a arma utilizada para assassinar o sócio. O homicídio foi testemunhado por diversas pessoas. Desde o assassinato, Marcus estava foragido e auxiliou na fuga de Kleber para uma zona rural de Governador Valadares, em Minas Gerais, segundo a polícia.
Marcus foi preso na casa da namorada, na cidade de Aracruz, também no Norte do Estado. Ele estava sendo monitorado pelo cerco inteligente e foi detido pela Força Tática da Polícia Militar. De acordo com o comandante-geral da PMES, coronel Douglas Caus, a participação do cerco foi fundamental para a prisão do suspeito, e a casa da namorada já era monitorada pela PM; "A nossa Agência de Inteligência do 5º Batalhão, depois da expedição do mandado de prisão que a Polícia Civil nos passou, começou a fazer a vigilância em frente à casa da namorada do empresário. Essa câmera pertence ao cerco inteligente e foi fundamental. Ao detectar este indivíduo chegando na casa da namorada, o agente de inteligência já estava no cerco, acionou a Força Tática de Aracruz, que foi até o local e efetuou a prisão", disse.
No dia do crime, Marcus, o mandante do assassinato, enviou um áudio para a mãe de Kleber, o executor, afirmando que entregaria o pagamento combinado pelo homicídio. Na mensagem, ele alega que ajudaria Kleber a se esconder e tranquiliza a mulher, dizendo que tudo daria certo. "Estou levando o dinheiro para ele, fala para ele esperar no ponto estratégico. Fala para ele me esperar no asfalto, estou levando o dinheiro para ele e amanhã à noite ou hoje à noite, eu levo o restante. Vai dar certo. Qualquer coisa, eu levo ele para um barraco que tem aqui no Planalto, ele fica entocado no barraco, não vai dar nada, é só ele ficar entocado no barraco".
De acordo com o titular da Delegacia de Polícia (DP) de Ibiraçu, delegado Rodrigo Peçanha, do valor combinado de R$ 5 mil, apenas R$ 3 mil foram entregues ao executor do crime. "O crime foi tão premeditado, que provocou uma situação que a vítima e o executor entrassem numa briga e criassem ali um álibi, que o crime teria acontecido entre o patrão e um empregado. Ele prometeu um valor de R$ 5 mil, mas R$ 3 mil foram entregues. Ele dizia que era uma questão de honra, porque ajudou o sócio a se erguer", relatou.
Kleber foi preso em uma zona rural do município de Governador Valadares, em Minas Gerais. Segundo a corporação, em uma ação conjunta com a Polícia Militar de Minas Gerais foi possível prender o mandante e o atirador do crime. A ação foi coordenada pela Polícia Civil. Ele confessou a autoria do crime e confirmou a participação de Marcus no assassinato. De acordo com o delegado Peçanha, uma semana antes do assassinato, Kleber havia sido preso com uma moto roubada, uma arma e drogas, mas foi liberado em audiência de custódia.