Depois de muito tempo, o Brasil acordou para a estruturação do seu futuro, para o estímulo ao desenvolvimento socioeconômico sustentado e, sobretudo, para aproveitar a potência da qual sabemos ser enquanto país, mas que por anos insistimos em desperdiçar. Meu otimismo não é à toa. Ele é fruto da decisão acertada do Brasil de implementar uma política industrial robusta e moderna e, assim, passar a valorizar um setor que é capaz de irradiar oportunidades e estimular de forma muito qualificada a nossa economia. Falo aqui do programa Nova Indústria Brasil (NIB). O plano prevê impulsionar a indústria nacional nos próximos 10 anos com o estímulo à produtividade, à inovação, à geração de empregos, à exportação e ao desenvolvimento sustentável. Além de prever, até 2026, R$ 300 bilhões em recursos voltados para linhas de crédito. Conforme muito bem colocou o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente emérito da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro – durante sua fala no anúncio do programa em Brasília –, a indústria volta ao centro da estratégia de desenvolvimento! Isso significa que teremos uma política decisiva para revertermos o processo de desindustrialização precoce e acelerado vivido pelo Brasil a partir dos anos 1980. Vamos passar a adotar instrumentos que nos levem para a mesma direção de nações líderes – como Estados Unidos, Coreia do Sul, China, e países do Reino Unido e da União Europeia –, que desde 2015 já investiram mais de US$ 12 trilhões em políticas industriais. Esse movimento de fortalecimento das indústrias locais não é por acaso. Especialmente após a pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, ficou evidente a necessidade e a urgência do mundo reorganizar suas cadeias globais de suprimentos e buscar mais soberania produtiva. Ignorar essa nova dinâmica é desperdiçar uma oportunidade fantástica de desenvolvimento em várias frentes e é assumir o risco de deixar o Brasil exposto às oscilações globais decorrentes, por exemplo, de questões sanitárias ou mesmo conflitos geopolíticos. Não acredito que estamos dispostos a abrir mão deste momento histórico e transformador. A indústria definitivamente não está! E não há porquê outros setores e/ou organizações irem em direção oposta. Como escreveu o presidente da CNI, Ricardo Alban, em recente artigo “Quem é contra a nova política industrial é contra o Brasil”. Claro que isso não significa fechar os olhos para a necessidade de acompanhamento e aprimoramento da NIB. Este é um papel imprescindível dos atores envolvidos na construção do programa e da sociedade como um todo. Inclusive, essa vigilância será facilitada pela própria estrutura organizacional da política industrial, norteada por seis missões. De forma objetiva elas voltam o olhar para 1) cadeias agroindustriais, sustentáveis e digitais; 2) complexo econômico industrial da saúde; 3) infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis; 4) transformação digital para ampliar a produtividade; 5) bioeconomia, descarbonização e transição energética; e 6) tecnologias para a soberania nacional. A NIB, ao propor metas e ações de forma transversal por meio dessas seis missões, também nos revela as inúmeros oportunidades que podemos e devemos aproveitar no Espírito Santo, como aumentar a complexidade do sistema produtivo da indústria capixaba e impulsionar o adensamento das cadeias locais. Ações essas que têm grande sinergia com o trabalho que a Findes já vem desenvolvendo junto ao Governo do Estado por meio do programa ES +Competitivo. Nos próximos meses, iremos enquanto Federação estruturar e demonstrar de forma prática com o quê e para onde devemos direcionar esforços e energia para potencializar regionalmente a política industrial brasileira. Mas, desde já, o que não podemos perder de vista é que estamos diante da grande virada de chave para o desenvolvimento do Estado e do país.