Com o avanço da tecnologia e a facilidade do acesso ao mundo virtual, os aparelhos eletrônicos estão conquistando um espaço cada vez maior no dia a dia da população. Em especial, na rotina das crianças, o uso de telas aumenta a cada ano. No Brasil, 90% das crianças de 13 a 16 anos possuem smartphone próprio. Os dados são da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box. Para a pesquisa, foram entrevistados mais de 1.900 brasileiros com acesso à internet, que possuem smartphone e são pais de crianças de 0 a 16 anos. Entre os aplicativos de jogos favoritos dos pequenos, estão Roblox e Minecraft. Além disso, até os 12 anos, os apps de vídeo, como o YouTube, lideram como os preferidos das crianças.
Já no grupo de 0 a 6 anos, o YouTube Kids é o aplicativo mais popular. Na adolescência, porém, o primeiro lugar passa para o WhatsApp.
Ainda segundo a análise, crianças de 0 a 3 anos passam em média de 1 hora e 28 minutos por dia no celular. No mesmo grupo, 59% possuem acesso ao smartphone. Entre crianças de 4 a 6 anos, 70% já pediram aos pais um celular de presente.
Para a psicanalista e consultora Zenaide Monteiro dos Santos, a tecnologia não representa um problema, pois pode auxiliar no desenvolvimento cognitivo, conhecimento e formação da criança. No entanto, o mau uso dos aparelhos deve ser observado.
"É o mau uso da tecnologia. A gente fica tempo demais. Tudo que é demais é ruim. A tecnologia ativa uma área do nosso cérebro, é estimulante como uma droga. É preciso dosar a quantidade de tempo", disse.
Acerca das possíveis consequências no desenvolvimento das crianças, Zenaide explicou que o excesso no uso de telas afeta a capacidade de interação dos menores.
O mesmo fator foi observados por 57% dos pais na pesquisa, que contaram não deixarem os filhos usarem o smartphone, por acreditarem que os aparelhos eletrônicos prejudicam o desenvolvimento deles.
"Essa rapidez, de ter tudo na palma da mão, os deixa superficiais, não dá tempo de gravar. É tão sério que algumas crianças são diagnosticadas falsamente com autismo leve, porque não sabem interagir, são como robôs", contou a psicanalista.
Ainda segundo Zenaide, para reduzir o tempo de telas dos filhos, os pais precisam primeiramente reduzir o próprio tempo em aparelhos eletrônicos.
"Os pais precisam se policiar. É trabalhoso, às vezes precisam distrair as crianças e dão smartphones, mas é preciso pensar em outras alternativas, restringir o horário em telas e motivar a criança a sair do quarto, incentivar uma vida ativa, hobbies, criar coisas novas, para motivar o desenvolvimento", finalizou.